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Debate técnico expôs riscos e soluções para o avanço do mar na Praia do Gravatá

25 de outubro de 2017 - Atualizado em: 30 de outubro de 2017
Postado por: Alexandre Batista

Uma parceria entre o Observatório Social e a Associação Empresarial de Navegantes (Acin), resultou num encontro emblemático entre especialistas ambientais, representantes do poder público municipal e sociedade civil organizada.

A reunião, que teve 3h de duração, ocorreu na última sexta-feira (20/10), na sede da Acin e contou com a presença do oceanógrafo,  professor da Univali e presidente Conselho Administrativo da Associação Brasileira de Oceanografia, João Tadeu de Menezes, do também oceanógrafo e diretor da empresa Acquaplan, Fernando Luiz Diehl e do comandante Geral do Corpo de Bombeiros Militar de SC e presidente da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático, Onir Mocelin.

Os trabalhos foram coordenados pelo presidente do Observatório Social de Navegantes, Aldo Decker. A Acin foi representada oficialmente pelo vice-presidente, Libardone Fronza.

Por se tratar de um tema bastante complexo e recorrente, os palestrantes foram didáticos, expondo as causas, consequências e soluções dos problemas registrados naquela Praia em função das ressacas do mar.

O comandante Geral do Corpo de Bombeiros Militar de SC, Onir Mocelin, apresentou fotos do Gravatá e de outras Praias onde o problema vem ocorrendo. Segundo o especialista, a ação do homem, através das construções irregulares em área de restinga vem agravando, ano a ano, as condições das praias, ocasionando a diminuição das faixas de areia. “Na Praia do Gravatá o problema é semelhante e vem se agravando há anos. Destruíram toda a restinga deixando as encostas sem a proteção natural. Se não for desenvolvido um projeto para recuperar essas áreas, em pouco tempo a Praia do Gravatá vai sumir, transformando-se em um enorme costão”, destacou Mocelin.

Em sua apresentação, o oceanógrafo, Fernando Diehl, também foi enfático em afirmar que algo precisa ser pensado para longo prazo. Fernando comentou ainda que a colocação de pedras não vai resolver o problema e sim agravá-lo. “Hoje existem prédios que ficam a cerca de 10 metros da Praia e se nada for feito, esses prédios vão cair”, comentou.

Já o também oceanógrafo, João Tadeu de Menezes, comentou que o problema recorrente do Gravatá é um descaso antigo das administrações da cidade. Segundo o especialista, já na primeira grande ressaca ocorrida em Navegantes, na década de 1970, os gestores públicos foram avisados que o problema se agravaria, caso não fosse desenvolvido um projeto sustentável para o local. “A solução para a Praia do Gravatá seria um projeto que estabeleça um controle permanente do local, com a recolocação de areia e formatação da área de restinga, caso contrário, a cada ressaca do mar, as consequências serão ainda piores”, enfatizou.

Diante da gravidade da situação cogitou-se até interditar o trânsito no local com o objetivo de resguardar a vida dos moradores e visitantes. A preocupação maior é com a temporada de verão, quando o Gravatá recebe milhares de veranistas e turistas.

Como a atual gestão pública de Navegantes não possui qualquer projeto e nem recursos para resolver essa questão na sua totalidade, a sociedade civil organizada, através do Observatório Social e da OAB Subseção Navegantes, encaminhou um documento ao Ministério Público Estadual e Federal solicitando providências. “Juntamos laudos e apresentações dos oceanógrafos e outros especialistas que vêm estudando a região há mais de 20 anos. Somos apoiadores do Observatório e temos a mesma preocupação no que se refere ao Gravatá. Precisamos de respostas e atitudes rápidas”, destacou a Dra. Ana Elisa Mamfrim Farias, presidente da OAB Subseção Navegantes.

Saiba mais:

Caracterização do problema segundo os especialistas ouvidos na Acin:

1975 – É verificada a diminuição do campo de dunas ao longo de toda a orla do Município de Navegantes.

1980 – É realizada a retirada de dunas da praia de Gravatá no objetivo de urbanizar a área, com a ampliação da rua principal e abertura de loteamentos.

1981 – São verificados os primeiros indícios de processos erosivos na praia de Gravatá

1984 – Tem início a pavimentação da Avenida Beira Mar Ivo Silveira, obra que sofreu algumas interrupções, sendo concluída em 1987;

1985 – São realizados loteamentos nas áreas de mangue na região adjacente ao rio Gravatá. No final da década de 1980 são verificados processos de assoreamento do rio.

 

Texto: (Alexandre Batista – Assessoria de Comunicação).

Fotos: (Alexandre Batista e João Paulo Gaya).

 

 

Categoria: Notícias