1 de agosto de 2025
Postado por: Alexandre Batista
Decreto realizado por Donald Trump, nesta quarta-feira (30/7), sobre a isenção de
determinados produtos brasileiros do tarifaço de 50%, trouxe alívio para o setor de
madeira, mas continua sendo motivo de apreensão para outros setores produtivos
de Santa Catarina. A medida, que foi prorrogada para o dia 6 de agosto, ainda afeta
pelo menos 40% das exportações catarinenses, especialmente os segmentos
intensivos em tecnologia, que ajudam a disseminar inovação e desenvolvimento
tecnológico no estado.
Embora a flexibilização para itens do agronegócio tenha sido recebida como um
sinal de abertura, a Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina
(Facisc) alerta que a abordagem atual é limitada e não contempla a diversidade da
economia do estado. Para a entidade, a negociação com os Estados Unidos precisa
ser mais abrangente, contemplando setores estratégicos e respeitando as
particularidades regionais.
“As negociações com os EUA precisam favorecer, tranquilizar e incentivar todo o
Brasil e vários setores ao mesmo tempo, desde o pequeno até o grande empresário,
pois todos são importantes para a geração de emprego e renda da economia e vêm
sofrendo com o cenário de incerteza fiscal e geopolítica no país”, afirma o
presidente da Facisc, Elson Otto.
Impacto sobre os setores tecnológicos
Santa Catarina se destaca na produção industrial de vários setores de bens de
capital, que envolvem sofisticação tecnológica na produção. Este é o caso da
produção de iates de luxo – setor no qual lidera a produção nacional e destina cerca
de 50% ao mercado americano, o que prejudicará a produção no setor no Vale do
Itajaí e Grande Florianópolis.
Este também é o caso de turbinas hidráulicas e partes de motor, pelos quais Santa
Catarina exporta cerca de 50% para os EUA, e que podem prejudicar a produção de
alto valor agregado nas regiões do Oeste e Norte, respectivamente.
Todos esses setores têm o potencial de serem prejudicados, pois acabam
competindo com outros países que fornecem para os EUA e que estão com tarifas
muito mais baixas que o Brasil. Nesses produtos, os EUA têm mais margem para
trocar o fornecimento, diante da maior diversidade de fornecedores. “Se não
pensarmos em uma política que contemple outros setores, o processo de
internacionalização da economia catarinense pode ser prejudicado”, alerta Otto.
A entidade reforça que os efeitos do “tarifaço” têm potencial de comprometer a
sustentabilidade econômica de setores tecnológicos, não apenas de Santa Catarina,
mas do Brasil como um todo.
Mesmo contemplando a isenção tarifária de parte do agronegócio catarinense, ainda
há outros segmentos do setor que continuam sendo prejudicados, como é o caso da
produção de peixes congelados em regiões como o Sul e Vale do Itajaí e de mel no
Extremo Sul. Cerca de 80% do mel catarinense exportado vai para os EUA. O setor
de móveis também segue prejudicado, cuja produção se destaca em várias regiões
do estado, pelo qual 46% das exportações vão para os EUA.
A Facisc continua atuando para que as negociações bilaterais considerem a
diversidade da economia brasileira, assegurem a manutenção dos empregos e
impulsionem o crescimento sustentável dos setores produtivos de Santa Catarina.
ELSON OTTO
PRESIDENTE DA FACISC